quinta-feira, 2 de julho de 2009

O passado e o presente

Arrumando uns papéis antigos, achei um email do meu pai que me fez pensar na vida. E rir.

Meu pai sempre foi super organizado e nos forçava a anotar cada bala que comprávamos. Dizia que só assim aprenderíamos para onde ia o dinheiro e como controlar os gastos. Eu confesso que não gostava muito disso e acabava esquecendo de anotar o que comprava. Mas como eu só ganhava mais dinheiro se entregasse o relatório do que havia gasto, acabava anotando coisas genéricas como "lanche", "supermercado", ou arredondando uns valores.

Pois este email que achei era uma dessas famosas prestações de contas que eu era obrigada a fazer. Este era de 2003. O tal relatório era uma vergonha. Nada fazia sentido. E eu ainda fui muito sincera e coloquei no relatório que não lembrava bem quanto dinheiro havia ganho e que por isso não conseguia fechar o relatório. Mas no final, coloquei uma avaliação séria sobre meus gastos: "estou gastando muito em táxi. Acho que seria mais econômico se tu me desse um carro. Pode ser simplinho, sem ar-condicionado, sem nada, mas tem que ter direção hidráulica porque sou fraquinha". :-)

O pai me respondeu da forma mais inteligente que posso imaginar. Não me xingou, nem se alterou. Só disse: "acho que você merece um carro sim, então te faço uma proposta - o dia em que você conseguir se organizar e dizer exatamente onde gasta o dinheiro, te dou um carro."

A promessa teve um efeito tão positivo que hoje sou fanática por controle financeiro. Anoto tudo o que gasto e faço o Adriano anotar também. Tenho mil planilhas e gráficos. Guardo as notas de absolutamente tudo o que gasto. Inclusive tenho uma pasta com as notas dos últimos cinco anos organizadas por data e forma de pagamento.

Também nesta semana, achei várias contas de telefone com bilhetinhos dóceis do meu pai dizendo que eu estava gastando demais. Lembrei que eu ficava muito braba com aquilo porque, afinal, eu gastava justamente falando com a família. Pois vejam como as coisas mudam! Hoje eu fico esperando eles me ligarem para eu não precisar pagar...

Lembrando disso tudo, pensei em como educar os filhos é difícil. Tem que ter habilidade.

Também pensei em como as coisas eram diferentes quando os pais nos sustentavam. Ok, independência financeira é muito bom. Mas só pedir e não se preocupar em pagar também é bom demais, né?

E o tão prometido carro? Eu ganhei, com laço de fita e tudo. Mas não veio com direção hidráulica. Continuo com ele até hoje e não tenho perspectivas de trocar, pois como controlo os meus gastos na ponta do lápis, nem me imagino comprando algo tão caro. :-0

2 comentários:

  1. Adorei a historinha e fiquei orgulhoso com o teu relato. Mas não exagere, não era tanto assim, não precisava anotar cada bala que compravas. Sempre entendi que a organização financeira é a chave do Sucesso e procurei transmitir isso aos meus filhos, ou melhor já aprendi isso com meu velho pai, o Vô Arthur.

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  2. Sabe que essa história é muito boa, e o meu filho Piti anota tudo tbem,até as balinhas..acho que é dos NARDONS, lendo seu blog pensei nele e mandei seu site para ele ler.
    Beth Nardon

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